A misteriosa ilha mágica de Avalon foi cantada em prosa e verso por trovadores medievais. Lá viviam seres elementais, como fadas, ninfas e elfos, além das sacerdotisas da Lua e aprendizes dos mistérios e forças da natureza. Era magicamente iluminada pelo Sol. Densas brumas obscureciam o caminho até ela, onde tudo florescia. Só quem bem conhecia os caminhos da magia era capaz de vencer as brumas de Avalon, conhecida como Ilha dos Mortos, para onde ia o mais famoso de todos os reis ingleses, Arthur, em busca de conselhos.
Séculos se passaram... Mas a lenda de Arthur e de Avalon está cada vez mais forte. Acredita-se, que o rei só espera um bom momento para voltar. Na década de 60, arqueólogos escavaram arredores da cidade de Glastonbury, na planície de Somerset, sudoeste da Inglaterra e 150 quilômetros de sua capital, Londres. Acredita-se que Arthur teria alí se refugiado. Foram encontrados vestígios de uma fortificação de madeira, construída no Século V, quando Arthur teria reinado.
Glastonbury foi dominada pelos celtas. Depois, conquistada por romanos, no início da Era Cristã. Foram Arthur e os 12 cavaleiros da Távola Redonda que, no final do século V, expulsaram os saxões da região. O sobrenatural de “Ynis Witrin”, como Glastonbury foi chamada pelos celtas, os primeiros habitantes, era uma atração a mais para os conquistadores, que para lá se dirigiam em busca do ferro (ainda abundante e na Idade Média mais valioso que ouro). Hoje, o cenário de “Ynis Witrin” mudou. Mas em todas as épocas, a sua história esteve envolta nas brumas da magia. É considerada um Santuário e um dos lugares mais misteriosos do Planeta. Antigas citações indicam que era de fato uma ilha. Arqueólogos confirmam que os campos ao redor da cidade foram pântanos drenados. “Ynis Vitrin” significa “A Ilha de Vidro”, nome que designa outro mundo, onde seres mágicos vivem para o todo e sempre.
Entre sítios históricos e formações geológicas nos arredores da cidade, existe em meio a planície da região, uma única colina (Tor) em forma de cone, com quase 300 metros de altura. No cume, ruínas da torre da igreja de Santin Michel se erguem como tótem fincado na terra, num apelo aos céus. Foram escavadas nas encostas, curvas de nível e desenhos. Vistos de cima, lembram um labirinto ou espiral conduzindo para o alto.
Tor significa em Celta portão, passagem. Estaria alí o umbral que permite a passagem do nosso mundo para a ilha mágica de Avalon? Os esotéricos que buscam Glastonbury acreditam que sim.
Foram versos de monge e trovadores medievais que registraram à frente das batalhas do povo bretão, a existência do líder guerreiro Arthur. O bispo e Historiador Geoffrey de Monmouth, no ano de 1137, em “Histórias dos Reis da Britânia”, popularizou o mito. Conta que Uther de Pendragon apaixonou-se pela mulher do Duque de Gorlois, Igraine. Muito doente, procurou o mago Merlin, sábio personagem que teve origem na magia dos druídas, bruxos dos celtas. Queria viver uma noite com Igraine. Merlin o fez, por poucas horas, à imagem e semelhança de Gorlois. A criança gerada, Arthur, segundo o trato, foi criada por Merlin. Pendragon morreu uma década e meia depois, deixando o país sem rei. Merlin propôs que quem conseguisse possuir Excalibur, espada com poderes mágicos cravada numa rocha, seria o novo rei. Arthur conseguiu possuí-la. Depois de revelada sua filiação, mergulhou em batalhas pela unificação do país, com ajuda dos 12 cavaleiros da Távola Redonda (assim chamada porque eram iguais). Reinou com filosofia de nobreza espiritual, amor cortês e justiça. Casou com a princesa Guinevere, com a qual não teve filhos. Ela apaixonou-se por Lancelot, o melhor e mais fiel cavaleiro de Arthur, com quem foge quando o rei estava em Roma e Mordred, filho de sua meia-irmã Morgana, planejava usurpar o trono. Arthur, cuja história está ligada à busca do Santo Graal, retorna e mata Mordred, mas é mortalmente ferido. Levado para Avalon, é curado. Lá edifica um mosteiro, convertido em casa beneditina no século X.
Relatos indicam que em 1190, na Abadia de Glastonbury, a maior de todas da Idade Média, foi encontrado um túmulo com inscrição de que alí estava Arthur. Meio milênio mais tarde, o rei Henrique VIII, revoltado contra a Igreja Católica que não aceitava seus divórcios, destruiu a Abadia e os lendários restos mortais. Uma tradição milenar relata também que está em Glastonbury o Poço do Cálice Sagrado, onde José de Arimatéia, amigo e protetor de Cristo, no ano 37 d.C., teria escondido o Santo Graal, o cálice da Santa Ceia, contendo o sangue de Jesus. O poço fica nas proximidades da colina de Tor. O sangue do cálice teria sacralizado e tingido a água pura do poço. Esta é realmente vermelha. Segundo cientistas, devido ao alto teor de ferro no solo.
Diz a lenda que Arimatéia também construiu uma igreja em Glastonbury. Astrólogos são seduzidos pela existência de um Zodíaco desenhado na paisagem do lugar, que se estende por um círculo de 16 km nas terras de Somerset.
Kathatarine Maltwood, escultura inglesa, em 1200, divulgou a descoberta de um grupo de enormes figuras espalhadas no solo da planície. Limitadas pelos contornos naturais dos rios, dos caminhos, dos atalhos, da colina, do fosso e das fortificações, as figuras representam os 12 signos do Zodíaco.
Mas foi Mary Caine, professora de Arte Inglesa e membro da Ordem de Druidas de Londres, quem filmou do ar o tal Zodíaco. Esse Templo das Estrelas é a síntese da Astrologia, das lendas do rei Arthur e da Nova Idade da Filosofia. Descobrir seu significado requer paciência e imaginação, já que tudo se baseia em associações de nomes locais e lendas, mais do que em fatos históricos. Arthur é Sagitário; Merlin, Capricórnio; Lacelot, Leão; Guinevere, Virgem.
Glastonbury localiza-se em Aquário, que é representado por uma Fênix - a Nova Idade nascida das cinzas da antiga. O vaso sagrado é o bico do pássaro; o outeiro, sua cabeça; e, a Abadia, o Castelo do Graal.
Fonte: Misteriosa Avalon